Os brasileiros estão cada vez
mais conscientes da importância da preservação do meio ambiente. O termo
apareceu em sexto lugar (13% ) no ranking dos principais problemas apontados
pela população, e o índice é mais do que o dobro (5%) do registrado em 1997. Os
que estão no topo da lista são: saúde (81%), criminalidade (65%), desemprego
(34%), educação (32%) e políticos (23%). Os dados fazem parte da pesquisa “O
que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, realizada
pelo Ministério do Meio Ambiente e divulgada nesta quarta-feira. O estudo
abordou, em abril deste ano, 2.201 entrevistados de todas as regiões, com
diferentes níveis de escolaridades e de renda.
— Os resultados são bastante
expressivos — avaliou ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante o
lançamento do estudo. — Em 1992 (ano da realização da Rio 92), o meio ambiente
sequer aparecia na lista de prioridades para o brasileiro.
Segundo o levantamento, o meio
ambiente está em primeiro lugar na lista dos motivos de orgulho do brasileiro,
com 28%. Além disso, 65% dos entrevistados afirmaram que a sobrevivência é a
principal razão para preservá-lo.
— Este é um ponto positivo,
porque as pessoas começam a entender que a importância não se deve apenas à
preservação de animais e de plantas — destacou Samyra Crespo, secretária da
Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Meio Ambiente.
Paralelamente, 11% dos
brasileiros disseram não haver problema ambiental no país. Em 1992, o índice
era de 47%, e ao longo dos anos, a curva foi decrescente. Entre os problemas
ambientais listados, a população citou o desmatamento, com 67%, seguido da
poluição dos rios, lagos e outras fontes de água, com 47%. Poluição do ar,
aumento do volume do lixo e camada de ozônio aparecem em seguida.
Cerca de 80% da população não
sabe o que é Rio+20
Realizada às vésperas da
Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU (Rio+20), a pesquisa
mostrou que 78% da população não sabe o que é o evento que será realizado na
próxima semana no Rio de Janeiro. Questionada se o índice era baixo para o
momento pré-conferência, a ministra Izabella Teixeira rebateu:
— Considerando que estamos
falando de todo o Brasil, este índice não é baixo. Estamos falando de 22%, o
que representa pelo menos de 40 milhões de pessoas. Acho o número muito bom —
disse. — E o número evoluiu do que foi a pesquisa apresentada pelas entidades
ambientalistas três meses atrás. Se fizermos outra daqui a dez dias, vai mudar
o perfil.
Responsabilidade sobre os
problemas ambientais
Sobre os responsáveis por
solucionar os problemas ambientais, 61% dos entrevistados responderam ser o
governo estadual, seguido pela prefeitura (54%) e pelo governo federal (48%). A
iniciativa pessoal figurou em quarto lugar (46%), precedido de comunidades
locais (21%) e entidades ecológicas (14%). Em 1992, o governo federal estava em
primeiro, com 51% dos votos.
— Este é o efeito da
descentralização — avaliou Samyra Crespo, que ainda comentou o índice das entidades
ecológicas e comunidades locais. — Ainda é preocupante que a responsabilidade
conferida a elas seja pequena e tenha crescido pouco ao longo dos anos.
Os empresários (55%) foram
avaliados como o pior grupo quando a questão é a defesa do meio ambiente.
— Isso mostra uma distância ainda
da sociedade em relação ao que vem sendo feito no setor privado sobre a questão
ambiental. Há pouco conhecimento por exemplo a respeito das empresas cidadãs. O
que muda, o que vem de novo dentro da responsabildiade socioambiental
corporativa — defendeu a ministra Izabella Teixeira.
Conceitos sobre meio ambiente são
complicados
Ainda no levantamento, o termo
desenvolvimento sustentável se mostrou desconhecido por 53% da população
brasileira. Além disso, 50% dos brasileiros disseram nunca ter ouvido falar de
destruição da biodiversidade, e 66% não tinham conhecimento a respeito de
consumo sustentável. Já com relação às áreas protegidas, 56% dos entrevistados
afirmaram saber do que se trata.
— Sabemos que estes termos são difíceis
para a população — justificou Samyra Crespo, que considerou os resultados
positivos.
Casa e carro são desejos do
brasileiro
Mesmo com uma maior
conscientização sobre a exploração do meio ambiente, a população ainda enxerga
o gasto com bens um desejo de consumo. Perguntado com que gastaria se tivesse
uma renda extra, 72% dos entrevistados responderam que colocariam o dinheiro na
poupança. Logo em seguida, apareceu a reforma da casa (57%) e a compra de um
imóvel (46%). Em quarto lugar, está a compra de um automóvel (34%). A viagem ao
exterior (30%) está em quinto da lista. Para a montagem deste gráfico, foram
estimuladas três opções por entrevistado.
Mais da metade da população ainda
não recicla lixo
Entre as atitudes cotidianas para
ajudar na proteção do meio ambiente, 86% das pessoas citaram a separação do
lixo domiciliar. Mesmo assim, na prática, esta iniciativa não é desempenhada
nem por metade (48%) da população.
Sobre o uso de sacolas plásticas,
62% afirmaram não haver em sua cidade uma campanha visando a redução. Mas 76%
disseram que adeririam a uma campanha, se ela existisse. Na prática, 20%
responderam participar de alguma ação em prol do meio ambiente.
Mais da metade se diz informado
sobre meio ambiente
O nível de informação sobre meio
ambiente e ecologia também foi testado, e 57% das pessoas responderam que eram
“mais ou menos informado” sobre o tema. “Muito ou bem informado” foi a escolha
de 13%, e “muito mal informado”, a de 29%.
Entre as fontes de informações
sobre o assunto, a televisão apareceu com 83%, seguida por internet (29,5%),
jornais (29%), rádio (27%) e revistas (11%).
Fonte: http://oglobo.globo.com